Essa flor não é nada comum, na verdade ela é bem rara de ser cultivada já que ela é muito grande e tem um enorme inconveniente, que o seu cheiro extremamente forte e mal cheiroso. O seu cheiro, segundo dizem se assemelha muito ao cheiro de um cadáver em decomposição, é um cheiro muito forte de coisa podre, por esse motivo essa planta recebe alguns nomes populares bem peculiares, são eles flor de cadáver, ou como planta cadáver, na língua indonésia ela é chamada de bunga bangkai, que significa a mesma coisa que os seus nomes populares em português (flor de cadáver).
Como vocês podem notar, citei o nome popular dessa planta na língua indonésia, mas não foi apenas por coincidência, essa planta na verdade é nativa da ilha de Sumatra, que faz parte do território da Indonésia, podendo ser encontrada também na ilha de Java. Por lá não é tão difícil encontrar essas flores gigantes, é claro que ela não é amplamente difundida por causa do mal cheiro e devido à sua dificuldade em florescer, mas ainda é possível encontrá-la pela sua região original, inclusive em florescências naturais, sem interferência do ser humano. As plantas dessa espécie que são cultivadas pelo ser humano enfrentam uma grande dificuldade para se desenvolverem, em alguns lugares como em universidades e em jardins botânicos as vezes elas demoram anos e anos para desabrocharem uma única vez.
No ano de 1889 floresceu a primeira flor desse tipo que foi cultivada em Londres na Inglaterra, mas ela só foi para a frente após cerca de 100 tentativas anteriores, mas não se engane, por mais que nos dias atuais nós temos muito mais tecnologias relacionadas ao cultivo e ao plantio, em que podemos fazer um grande número de manipulações das plantas e do meio ambiente, ainda assim não é fácil fazer com que a flor de cadáver chegue ao ponto de florescer, acontece uma média de 5 florescimentos ao redor de todo o mundo por ano (em jardins ou outros meios artificiais de cultivo).
Essa planta é muito peculiar em diversos aspectos, já que a sua flor pode atingir uma altura de até 3 metros, isso mesmo 3 metros ela, portanto, é bem grande, até as suas versões mais pequenas ainda são bem maiores do que as flores que estamos acostumados a ver. Para uma base de comparação podemos comparar a sua flor com uma flor de copo de leite, que conta com uma espácide (que nada mais é do que a sua parte comprida central que pode ser comparada a uma grande baguete ou ainda a uma enorme espiga de milho), dentro de uma parte que se parece um cálice. Esse cálice, ou seja, a sua parte de “flor” é de cor verde escuro por fora e de um vermelho puxado para o vinho na parte interna.
Uma curiosidade bem estranha é que a sua parte interna, com a coloração vermelho escuro e de textura mais enrugada, faz com que essa planta se assemelhe muito com a carne humana realmente, além disso, a ponta da sua espácide (grande baguete) fica em uma temperatura que é muito próxima da temperatura do corpo humano. Essa é uma característica evolutiva desenvolvida ao longo do tempo, já que essas particularidades em conjunto com o cheiro forte de carniça que emite, fazem com que muitos insetos realmente achem que se trata de uma carne em apodrecimento e se aproximem, são justamente esses insetos, que trabalham pela sua polinização e o seu cheiro é a forma dessa planta de atrai-los.
Em alguns locais ao redor do mundo especialistas vem se dedicando para cultivar essa flor, e é tratado praticamente como um milagre da jardinagem quando ela finalmente desabrocha, pois esse é um grande desafio para os especialistas. Ela foi listada quase já no século XX, quando foi encontrada por Odoardo Beccari um botânico de origem italiana no ano de 1878. No Estados Unidos os seus primeiros registros de florescimento aconteceram na cidade de Nova York, mais especificamente no seu jardim botânico, no ano de 1937 pela primeira vez e a segunda foi no ano de 1939.
Um fato que chamou a atenção no mundo da botânica foi uma escola de ensino médio da cidade de Roseville na Califórnia (EUA), ter conseguido fazer com que a flor de cadáver florescesse, nunca antes ela havia florescido em cultivo artificial sem a supervisão de profissionais especialistas em botânica ou na área de jardinagem. O recorde de tamanho dessa planta em cativeiro, na altura de 3 metros e 1 centímetro, pertence a cidade de Gliford, no estado de New Hampshire nos Estados Unidos, quebrando o recorde anterior que pertencia à Alemanha.
Florescimento
É necessário um tempo de cuidados e cultivo que varia entre 7 anos a até 10 anos para que essa planta possa florescer, mas não pense que após esse acontecimento a sua flor aparece com mais frequência, porque não acontece dessa maneira, nos períodos menores entre um florescimento a outro o tempo pode ser de 3 anos, mas em alguns casos ela demora de mais 7 a até 10 anos para abrir a sua flor novamente, salvo raras exceções, como é o caso que existe no Jardim Botânico da cidade de Copenhague, cidade da Dinamarca, onde a flor de cadáver floresce de 2 em 2 anos, mais raros ainda são os casos em que desabrocham mais de uma flor ao mesmo tempo.
Normalmente para que a flor de cadáver seja polinizada a sua parte feminina se abre por volta do final da tarde, o tempo em que estará receptiva a receber o pólen das folhas masculinas é em média de 12 horas, mas em alguns casos que aconteceram de maneira mais rara, esse tempo já se estendeu a até 48 horas, após esse tempo a sua parte feminina vai murchando e assim param de ser receptivas a qualquer tipo de polinização. Muita gente acreditava que a autopolinização não era possível para essa planta, mas alguns casos também raros e isolados, mostraram que com um pouco de técnica e de muita sorte, é sim possível a autopolinização.
Curiosidades Sobre a Flor De Cadáver
Há várias coisas que são interessantes sobre essa planta, ela tem diversas características únicas, como o seu cheiro, o seu tamanho, as suas cores, mas alguns fatos curiosidades valem a pena de ser citados. Um exemplo disso é o seu crescimento que acontece em uma velocidade de mais ou menos 16 centímetros a cada dia (período de 24 horas). O seu tempo de vida é de mais ou menos 40 anos (tempo de vida da planta), enquanto a sua flor dura apenas 1 ou 2 dias e floresce em média 3 a 4 vezes durante o seu tempo de vida.
Outra curiosidade é que estudando o seu odor, pesquisadores concluíram quais substancias que são liberadas por essa planta e o resultado mostra algumas coisas bem interessantes, já que as substancias encontradas no odor e na composição do cheiro da flor de cadáver, são compostos que são também encontrados na composição dos peixes podres, em meias suadas, em fezes, em fenóis, em álcool benzílicos e também em queijos de odor forte. No Brasil a última vez que essa flor floresceu foi na cidade de Batatais, que fica no interior do estado de São Paulo, ela foi cultivada por um engenheiro agrônomo que ganhou as sementes de um amigo que veio dos Estados Unidos.