Diariamente produzimos o lixo orgânico, composto por restos de alimentos como cascas de frutas, vegetais, alimentos estragados e outros. Esses restos quase sempre são destinados à coleta pública que acaba despejando sacos e mais sacos de lixos em grandes áreas a céu aberto: Os lixões. Os lixões são foco de contaminação do solo, subsolo, lençóis freáticos – podendo levar essa contaminação a rios e mares, devastando a vida aquática local e, ainda, possibilitando a proliferação da miséria extrema, já que muitas pessoas carentes e desprovidas do mínimo vão até lá tentar ganhar a vida.
O lixo em decomposição a céu aberto, sob a ação do sol intenso, cria uma atmosfera altamente tóxica, o que também é agravado pela produção de chorume, decorrente do processo de decomposição e proliferação de germes e bactérias. Já que para os lixos não orgânicos temos o processo de reciclagem que, aos poucos, ganha mais e mais adeptos em todo o país, por que não reciclar o lixo orgânico e iniciarmos uma campanha de lixo zero? O nome para esse tipo de reciclagem chama-se compostagem. Quando você transforma seu lixo em adubo, pode oferecer ao solo um material rico em nutrientes (no caso de uma horta ou mesmo para as plantas do seu jardim) e, principalmente, ajuda a reduzir a quantidade de lixo que vai diariamente para os aterros e lixões do Brasil. Aprenda a fazer a compostagem doméstica e mãos à obra!
1ª ETAPA – O Recipiente
Em primeiro lugar, quando você toma a iniciativa de realizar a compostagem deve-se ter em mente não somente o local onde ficará “reservado” o material, como também providenciar recipientes. Engana-se quem olvida do assunto por morar em apartamentos. Hoje em dia, existem composteiras que são vendidas em lojas especializadas próprias para quem não dispõe de muito espaço. Para iniciar, basta um pote de sorvete ou uma lata de tinta ou mesmo um balde. Daí já usa a reciclagem aqui também! Deve-se furar na lateral do pote, perto do chão. É bom fazer mais de um furo, já que o chorume criado será eliminado por ali. Nesse caso, até mesmo o chorume poderá ser reaproveitado, já que será originado apenas de matéria orgânica. Recolha o chorume e devolva-o à mistura, ou ainda dilua em nove copos de água – para cada copo 100 ml de chorume – e regue as plantas com a mistura.
2ª ETAPA – A Composteira
Como já podem adivinhar, além do pote que receberá o lixo orgânico, deverá haver outro recipiente para o chorume ser recolhido. Uma bacia servirá. Porém, é bom colocar um calço em baixo da lata para que o líquido não fique em contato com o recipiente. Para quem dispõe de terrenos ou jardins, pode deixar direto em contato com o solo. Mas o solo deve ter uma boa drenagem.
3ª ETAPA – Hora de Colocar o Lixo
Devemos nos atentar para o processo do descarte, propriamente dito. Não é só jogar o lixo na composteira e deixar a natureza fazer tudo sozinha. Deve-se criar uma rotina para facilitar e acelerar o processo de decomposição do material orgânico descartado.
O Processo Deve Ser Feito em Camadas, Por quê?
A ação dos micro-organismos é regulada pela proporção entre nitrogênio e carbono. Essa proporção irá acelerar a decomposição do material, transformando o lixo caseiro em adubo orgânico. Como fazer isso? Simples! Basta pegar o material úmido – que corresponde ao nitrogênio – e que será seu lixo, propriamente dito. Forrar em uma camada a composteira. Após, uma camada bem recheada de carbono que nada mais é além de material seco: Papelão, cascalho, folhas secas, gramas e raízes mortas e mesmo serragem. Claro que pode-se fazer uma e uma camada, porém o processo se desacelera.
E comece a picar…
Os pedaços precisam ser pequenos para facilitar todo o processo, então não custa nada, ao fazer o descarte, picá-lo em vários pedaços antes de depositá-los na composteira. Tanto os secos quanto os úmidos deverão estar picados. A partir daí, inicie cobrindo o fundo da composteira com uma camada de material seco, Molhe um pouco o material, umedecendo-o. Em seguida jogue o lixo orgânico. Depois, outra camada do seco e umedeça-o. Forre novamente com outra camada do lixo orgânico e assim sucessivamente, até finalizar o processo com a última camada de material seco. Esse final é importante, já que a camada seca por último evita o mau cheiro. Há quem coloque cal virgem por cima, o que é uma boa ideia, pois também evita o mau cheiro. Importante: NUNCA TAMPE A COMPOSTEIRA, pois o material orgânico não deverá ficar abafado, e utilize sempre luvas ao manuseá-lo.
O Que Poderá Ser Usado:
- Restos de leite, natas
- Filtros de papel de café usado
- Borras de café
- Cascas de todo tipo de frutas
- Sobras de verduras e legumes
- Iogurtes e outros
O Que Não Poderá Ser Usado:
- Restos de comida temperada com sal, óleo, azeite, qualquer tipo de tempero
- Frutas cítricas em excesso, por causa da acidez
- Esterco de animais domésticos, como gato e cachorro
- Madeiras envernizadas, vidro, metal, óleo, tinta, plásticos, papel plastificado; (reciclável)
- Cinzas de cigarro e carvão
- Gorduras animais (como restos de carnes)
- Papel de revista e impressos coloridos, por causa da tinta. (reciclável)
4ª ETAPA – Espere, mas Cuide!
Após proceder com todos esses passo a passo, e sua estrutura de reciclagem já estiver montada, então chegou a hora de deixar o tempo fazer a parte dele! O que vai acontecer é que temos a primeira fase da decomposição. Durará cerca de quinze dias até o material transformar-se em adubo orgânico. O ideal durante esse período é que não se mexa nela. A temperatura interna pode aquecer, chegando até a 70º C, devido à ação das bactérias. Com uma pá separada somente para isso, revolva o material para ajudar na oxigenação dele. Se preferir, pode remover o material para outro recipiente, dando início a um novo processo. Embora produzamos lixo orgânico diariamente, ainda não será possível utilizá-lo em sua totalidade. Mas veja que o volume destinado à coleta pública diminuirá drasticamente. Dessa forma, é melhor não jogá-lo diariamente na composteira, e sim deixar acumular (dois ou três dias apenas).
O resultado final é você quem deverá avaliar. Para tanto, após o primeiro ou segundo mês, dependendo do processo, é possível verificar se o adubo está pronto avaliando alguns itens: A temperatura do adubo orgânico deverá ser a mesma do ambiente, ou seja, deverá estar estabilizada. A cor deverá ser de terra preta, bem como o cheiro que será de terra também. E se esfregar um pouco em suas mãos, elas não devem ficar sujas.
(Fonte: Escola de Jardinagem do Parque do Ibirapuera, em São Paulo/SP)
parabens …
gostei muito dessa dica
muito bom , mesmo valeu.
muito informativo, vou fazer parte dessa cultuta, obrigado