As plantas são seres autótrofos e isso quer dizer que precisam produzir os seus próprios alimentos através da captação de nutrientes do seu meio. Essa situação cria a relação entre os micróbios do solo e as plantas, pois os primeiros que estão presentes na água e no solo trabalham de forma associada às raízes das plantas para realizar a reciclagem de nutrientes que são necessários para a sua sobrevivência.
Essa relação que existe entre esses micro-organismos e as plantas é largamente explicada no texto a seguir que abrange a necessidade que as últimas têm do trabalho de “refino” de nutrientes realizado pelos primeiros. Se você tem curiosidade de saber mais sobre o funcionamento da natureza não pode deixar de ler com atenção o texto a seguir.
Quem São Os Micróbios do Solo?
Os micróbios ou micro-organismos são essenciais para aumentar a fertilidade do solo pela chamada conversão ou fixação de nitrogênio. Esses pequenos seres que podem ser Bactérias ou Fungos trabalham na redução de N2 em NH3. O Nitrogênio comum é transformado em compostos nitrogenados.
Esses compostos servem para que as plantas possam fazer a síntese (produção) de proteínas. Basicamente os micróbios do solo atuam transformando substâncias orgânicas em compostos inorgânicos, assim os mesmos se tornam úteis para as plantas.
O solo é constituído por uma grande variedade de seres vivos microscópicos que trabalham para torna-lo fértil e fornecer as condições para que os vegetais produzam os seus nutrientes inerentes à vida.
Além disso, há que se lembrar que de forma direta ou indireta são os micro-organismos que trabalham na transformação de dejetos de corpos de animais mortos e tecidos de plantas para que esses possam se converter em substâncias inorgânicas que irão nutrir as plantas.
Dessa forma podemos concluir que os micro-organismos tem um papel fundamental na manutenção da vida na terra. A quantidade de micro-organismos no solo depende muito dos fatores ambientais, os principais fatores que tem influência nisso são: a umidade do solo, quantidade de nutrientes disponíveis no solo, grau de aeração, o PH e a temperatura.
As Bactérias
As bactérias compõem a maior parte da população de micróbios no solo, isso tanto em quantidade como em variedade. Grande parte das bactérias que estão presentes no solo são heterotróficas e os bacilos esporulados são os mais comuns.
As espécies que se destacam são a de Arthrobacter, Pseudomonas, Azotobacter, Bacillus, Rhizobium, Clostridium e Nitrobacter. Há também a presença de bactérias actinomicetes que incluem espécies de Streptomyces, Micromonospora e Nocardia, essas estão presentes em solos quentes e secos.
São esses micro-organismos que são responsáveis pelo odor de mofo e terra que um campo recém-arado possui. As bactérias actinomicetes são capazes de degradar uma grande variedade de substâncias complexas o que ajuda no melhoramento da fertilidade do solo.
Também devemos destacar a importância das cianobactérias que tem papel fundamental na transformação de rochas em solo. Essas bactérias fotossintéticas são produtoras de oxigênio e podem crescer na superfície de rochas que foram recentemente expostas e as suas células se acumulam em depósitos orgânicos.
Os Fungos
O solo é habitado por uma centena de espécies diferentes, quanto mais próximo da superfície do solo maior a quantidade de fungos. Isso acontece por que é nessa parte do solo que estão as melhores condições de aerobiose.
As espécies de fungos que são mais comuns no solo são a Rhizopus, Fusarium, Penicilliim e Mucor. As condições físicas e químicas do solo são determinantes para o tipo de fungo que será encontrado.
Uma das principais funções dos fungos no solo é trabalhar na decomposição de constituintes orgânicos complexos de tecido de plantas como, por exemplo, pectina, celulose e lignina.
A presença abundante de micélios fúngicos ajuda a melhorar a estrutura física do solo pelo aumento da estrutura desintegrada do mesmo.
Os Micróbios do Solo, as Plantas e o Nitrogênio
O Nitrogênio é um nutriente vital para os seres vivos, as plantas utilizam esse elemento sob a forma de nitrato (NO3-) e amônia (NH3). Mesmo havendo uma grande quantidade de Nitrogênio na atmosfera o mesmo se encontra na forma de nitrogênio gasoso (N2). Sob essa forma o elemento é chamado de molécula inerte.
Nesse ponto da história entram algumas bactérias que são capazes de reduzir o N2 em NH3. Esse processo é chamado de Fixação do Nitrogênio e fornece ao meio em que as plantas estão uma forma assimilável do nutriente. Porém, não pense que é uma relação em que apenas um lado ganha.
A Relação Simbiótica Entre Plantas e Bactérias
Como já bem destacamos a relação entre micro-organismos e plantas pode ser simbiótica. Um dos maiores exemplos que a natureza nos dá disso é a relação entre algumas bactérias (dos gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium) que entram nas raízes de algumas plantas (leguminosas como a soja, o feijão e a alfafa).
Quando as bactérias entram nessas raízes estão fornecendo Nitrogênio para que a planta seja capaz de sintetizar as suas proteínas. Mas, as bactérias também ganham com essa relação uma vez que as plantas lhes fornecem energia para realizar o processo de síntese. Os dois lados trabalham juntos para sintetizar proteínas necessárias para ambos.
Existe ainda outro exemplo de associação vantajosa entre micróbios e plantas. A associação que recebe o nome de micorriza é realizada entre fungos e plantas. Alguns tipos de fungos ficam ao redor e penetram as raízes das plantas o que acaba favorecendo a absorção de nutrientes como o manganês, cobre e zinco, mas principalmente o fósforo.
Esse tipo de processo evidencia a ação dos micróbios na reciclagem de material, mesmo aquele que é inorgânico e que está na natureza.
Os Micróbios Patogênicos
Porém, nem tudo no mundo tem apenas o seu lado bom e devemos destacar que pode existir a ação patogênica dos micro-organismos em relação às plantas. Em alguns casos podemos observar culturas de vegetais que sofrem perdas bastante significativas por serem infectadas por Vírus, Bactérias e Fungos.
Esse tipo de problema com os micro-organismos pode levar ao uso indiscriminado de agrotóxicos que além de encarecer significativamente a produção também podem trazer danos a saúde das pessoas que consomem esses vegetais bem como ao meio ambiente em que eles estão cultivados.