Guaçatonga: A Planta com Poderes Cicatrizantes

Não é a toa que os índios são grandes especialistas em ervas medicinais. O estudo da natureza para eles é algo passado de pai para filho e eles são os verdadeiro botânicos do Brasil. Há muitos anos atrás, eles descobriram que uma certa planta possuia poderes cicatrizantes. A partir disso, a conhecida o popularmente por Guaçatonga acabou sendo comercializada pelos melhores laboratórios do país. Com a sua fama conquistada, a planta de nome científico Casearia sylvestris pode receber o seu merecido valor. Neste artigo, você vai conhecer um pouco mais sobre esta espécie que se tornou tão importante nos meios medicinais.

Poderes Cicatrizantes

Quando os índios fizeram esta grande descoberta, logo os laboratórios mais renomados pegaram a espécie para realizar uma série de testes e estudos sobre as suas propriedades. As principais pesuisas levaram os médicos a produzir cremes fitoterápicos e homeopáticos para tratamento do herpes labial. Tais estudos apresentaram ótimos resultados no que diz respeito aos testes realizados em alguns pacientes com a doença: O medicamento produzido com a ajuda da Guaçatonga foi testado em 93 pacientes que moravam na região de Minas Gerais. O resultado mostrou que a a cicatrização das lesões ocorria entre três e quatro dias. Um período muito rápido para a melhora em comparação a outros medicamentes já usados neste tipo de tratamento e que não tinham tanta eficácia para a prevenção da herpes labial.

Propriedades Antivirais e Antimicrobianas

Os pesquisadores Francisco Carlos Groppo e Vivane Goreth Costa Cury, na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) também vêm realizando pesquisas com base em medicamentes feitos com a Guaçatonga para testar a sua capacidade antiviral e antimicrobiana. No que tange a herpes labial, os especialistas explicam: ““Causada pelo vírus do herpes simples HSV, trata-se de uma patologia de relevância epidemiológica, pois não tem cura e se repete por ciclos. É grande o número de pacientes que procuram os serviços públicos para se livrar rapidamente das lesões, uma vez que é algo doloroso, de aspecto feio. Em alguns casos, inclusive, há dificuldade para comer”. Os estudos por parte dos dentistas duraram quase um ano e meio para gerarem os resultados esperados. Mesmo assim, eles foram muito satisfatórios.

Durante as pesquisas, os cremes fitoterápico e o homeopático foram testados. O potencial dos medicamentos foram comprovados ao final dos estudos, já que os pesquisadores utilizaram o creme “penciclovir” com concentração a 1%, medicamente utilizado comercialmente no combate à herpes labial e que serviu como grupo de controle. O teste realizado consistiu na separação dos pacientes em três grupos de 31 voluntários cada. Os testes foram do tipo duplo cego. Isso quer dizer que no decorrer dos exames, não era conhecido qual medicamento estava sendo usado em cada um dos 31 pacientes separados.

Ao final do estudo, eles foram codificados e distribuídos por uma espécie de classificação, o que garantiu a maior veracidade e também às conclusões finais: ““Os resultados apontaram que o creme à base de Casearia sylvestris acelera o processo de cicatrização. O penciclovir, em geral, induz a cicatrização das lesões na média de cinco dias. Com os cremes de Casearia foram de três a quatro dias, sendo que em alguns voluntários foi possível observar a cicatrização em dois dias” explicou a pesquisadora Viviane.

Uma outra descoberta feita pelos pesquisadores foi que em pacientes que repetiam o ciclo da doença a cada mês, não se constatou o retorno da herpes labial: “Normalmente, os pacientes apresentam um a dois episódios de recorrência por ano. Em alguns voluntários do estudo em que a recorrência era de dois em dois meses, foi possível verificar que houve inicialmente um aumento do intervalo entre os episódios. Nenhum desses voluntários apresentou recorrência das lesões durante o estudo” exemplifica Viviane. Mesmo com toda a comprovação da eficácia dos medicamentes ou dos cremes, a pesquisadora afirma que ainda é preciso muitos outros estudos para que isso fique 100% comprovado.

Todo esse trabalho árduo acabou contribuindo para a dissertação de mestrado da especialista Viviane, já intitulado “Eficácia terapêutica da Casearia sylvestris sobre herpes labial e aplicabilidade em saúde coletiva”.

Uma Nova Solução

Medicamentos a base de Guaçatonga estão sendo ainda muito estudados e uma nova solução para a cicatrização de algumas doenças pode estar chegando no mercado. Um medicamento inédito ainda está sendo patenteado pela Agência de Inovação da Unicamp e muito em breve estará sendo comercializado ou então no máximo disponível para uma transferência da tecnologia para a indústria de fármacos.

Outros Benefícios

Além da herpes labial, medicamentos a base de guaçatonga podem ser muito úteis para o combate à úlceras gástricas-duodenais, causadas por fatores como estresse ou maus hábitos alimentares que acabam por destruir as paredes estomacais, podendo gerar doenças fatais. Os pesquisadores e especialistas do Instituto de Química (IQ) da UNESP, campus de Araraquara, André Gonzaga dos Santos, Aristeu Gomes Tininis e Vanderlan da Silva Bolzani, e do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) fizeram teste para comprovar mais esta nova propriedade medicinal da Guaçatonga.

Todos eles obtiveram grande sucesso no que diz respeito a cicatrização de úlceras gástricas induzidas em animais de laboratório. Em suas pesquisas  os especialistas utilizaram substâncias obtidas a partir de um extrato de folhas secas da planta Casearia sylvestris. Com relação aos testes feitos, o pesquisador e  farmacêutico Alberto José Cavalheiro afirma: “A velocidade de cicatrização de úlcera crônica induzida experimentalmente em ratos foi mais rápida com o extrato da guaçatonga do que a dos medicamentos mais utilizados”.

Os especialistas contam que um novo medicamento à base de extrato da Guaçatonga teria uma atuação ultra rápida segundo os mecanismos estudados: sem causar efeitos colaterais como a perigosa alteração do pH no estômago e a indução de uma repentina contração uterina. Se isso tudo ocorresse, o uso do novo medicamento seria terminantemente proibido para gestantes, por exemplo. Os remédios tradicionais hoje disponíveis no mercado são os grandes causadores desses efeitos colaterais e por causa disso, um fármaco produzido com base da Guaçatonga seria uma grande solução para os problemas que todos enfrentam com determinadas doenças.

Escrito por Jéssica Monteiro da Silva 

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Categoria(s) do artigo:
Naturais

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