Para Que Serve a Quina Do Cerrado

“Quina do cerrado” é o nome popular que se dá a uma árvore que pertence à família das Loganiáceas. Seu nome científico (espécie) é Strychnos pseudoquina, e a planta é mais conhecida como “falsa-quina” e também como “erva quina cruzeiro”. Como seu próprio nome já sugere, essa planta é nativa de campos ou cerrados, pois cresce em solos que têm como característica serem arenosos e profundos. Logo, elas podem ser encontradas nos estados em que esses solos são vistos, como Tocantins, Bahia, Maranhão, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de Minas Gerais e também São Paulo.

Características Morfologicas Da Quina Do Cerrado

O comprimento da árvore da quina pode variar entre três e oito centímetros e sua copa tem como característica ser bastante densa; o tronco contém sinuosidades e pode atingir até 40 centímetros de diâmetro, apresentando retângulos em suas cascas, que se distribuem de modo vertical ao longo de seu corpo. Seus frutos são esféricos e medem aproximadamente dois centímetros e meio de diâmetro, quando estão maduros.

Esses frutos são mais conhecidos como Guararoba, que significa “fruta com gosto amargo” na língua tupi guarani e geralmente são produzidos entre os meses de setembro e novembro. Seu consumo pode ser feito de modo natural, pois há polpa em abundância envolvendo as sementes.

Curiosidade Sobre A Planta

O uso de maior interesse dessa planta são suas cascas, cujas características dessas já foram citadas acima, pois elas apresentam certos benefícios para os seres humanos, de acordo com a medicina popular. De acordo com a medicina homeopática, as cascas da quina do cerrado apresentam alta concentração de alcaloides, que são substâncias químicas que além das plantas, podem ser encontrados em alguns animais e também fungos. Nas cascas da quina do cerrado há cerca de dezesseis por cento de alcaloides do tipo quinolina, quinina ou quinoleína e foi isso o que deu o nome à planta.

Os benefícios da quinina foram descobertos com a observação dos espanhóis na região da Cordilheira dos Andes, onde a população que ali vivia usava a casca da quina do cerrado para tratar a doença que hoje conhecemos por malária, antes conhecida como paludismo. Essa descoberta foi de grande impacto para a ciência da época, de acordo com os parâmetros de terapêutica da medicina ocidental que já existia até então e, atualmente, ela pode ser usada até mesmo como tentativa de profilaxia dessa doença, como, por exemplo, o fármaco conhecido como cloroquina. Além disso, a planta promove ações antiparasitárias, bem como antiprotozoárias, antifúngicas e antibacterianas. Sendo assim, a quinina tem poderes antissépticos e até mesmo analgésicos.


Todos esses benefícios podem ser encontrados em produtos como a água tônica, em adstringentes e em inseticidas de uso comum entre nós. Devido a essas características, em geral, a quina do cerrado é procurada para providenciar a cura de febres e doenças que atingem os seguintes órgãos: o fígado, o baço e o estômago, principalmente, mas podem ter efeito em afecções na boca, garganta e couro cabeludo. Portanto, ela apresenta grande potencial de melhora para o estímulo do apetite e para a dispepsia, que é caracterizada principalmente pela indigestão, mas que também pode cursar com sintomas de eructação (arrotos), flatulência, além de náuseas, vômitos, inchaço e sensação de queimação, que geralmente ocorrem após a alimentação.

Para esse fim, a casca é utilizada em forma de chá, que pode ser preparado também com algumas folhas e partes da raiz. A proporção é de duas colheres de sopa dessa mistura de casca, folhas e raízes para um litro de água que deve chegar ao ponto de fervura e, em seguida, deve promover o cozimento da mistura por cerca de dez minutos apenas e ficar em repouso por mais dez minutos após o desligamento do fogo, de preferência, com uma tampa, de modo a concentrar as substâncias benéficas. Após isso, o chá deve ser coado antes de ser consumido, e a dose varia de duas a três xícaras a cada dia, podendo ser uma de manhã, uma no período da tarde e outra antes de dormir ou ao anoitecer, até a melhora dos sintomas. Ele pode ser consumido quente, morno ou gelado e para amenizar o gosto amargo, ele pode ser adoçado com caldo de cana (conhecida como garapa) ou até mesmo com uma pequena quantidade de mel.

A população local da região em que a árvore é encontrada também utiliza as cascas da quina, a partir de seu cozimento, para aromatizar o fumo e, de modo habitual, a quinina é também utilizada de maneira tópica no tratamento de enfermidades que promovem a descamação do couro cabeludo (condição mais conhecida como caspa) e também como redutor de queda de cabelo, sendo encontrada em ampolas de tônicos capilares e em shampoos de característica fortificante de fios. No entanto, é de suma importância se atentar no fato de que doses elevadas, variando entre dois e oito gramas, podem ser fatais em adultos e a quantidade letal vai diferir entre as pessoas que utilizam de acordo com o metabolismo de cada um. Os sinais de dosagem acima do indicado geralmente são zumbidos, dores de cabeça e vertigens, além de poder causar problemas cardiovasculares, respiratórios e intestinais, bem como febre. Sendo assim, uma dosagem além do recomendado pode culminar em depressão do sistema respiratório e também do sistema circulatório, o que inclui o coração.

É válido ressaltar que o uso do chá preparado com as cascas da planta quina do cerrado não é indicado em pessoas que se encontram em período de gestação nem de amamentação. Isso porque a substância quinina pode estimular a musculatura do útero da mulher e, assim, induzir o aborto, além de poder causar efeitos adversos no feto e também no recém-nascido que ingere o leite contendo esse composto. Também não é indicada a ingestão do chá por crianças. Ademais, é sempre necessária a consulta de um profissional de saúde para orientar a real necessidade do uso da medicação caseira e, sobretudo, se esse uso traz riscos ao interagir com medicações industrializadas utilizadas previamente pelo indivíduo.

Os usuários também devem sempre se lembrar do fato de que o uso de medicações caseiras não deve fazer a substituição de um tratamento indicado anteriormente por um médico, isto é, não se deve interromper um tratamento prescrito por um médico convencional devido ao uso do medicamento caseiro por conta própria.

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Comentários

  • Entre as fotos apresentadas na publicação, uma delas com folhas pontiagudas e um par de sementes – uma verde e uma amarela, creio não corresponder à quina. Poderiam me informar que se espécie é essa?

    EDGAR RODRIGUES ROCHA 3 de maio de 2018 11:44 Responder

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