Características da Vidália
A Vidália, de nome científico Azorina vidalii, anteriormente conhecida como Campanula vidalli, é o único gênero Azorina endêmico dos Açores e uma das mais belas espécies das ilhas. Trata-se de uma planta pertencente à família das Campanulaceae, localmente chamada por Vidália. Pode atingir cerca de 1 metro de altura e produz flores em forma de sinos de cor rosa esbranquiçada.
Seu porte é arbustivo, de folhas lanceoladas a lineares, de cor verde-escura ou verde-bronzeada. Em suas inflorescências terminais e eretas, despontam flores serosas, pendentes e delicadas, de corola campanulada e cor branca a rosa. Floresce duas vezes por ano, na primavera e no outono.
A vegetação indígena dos Açores encontra-se limitada a pequenos redutos conhecidos por alguns, mas desconhecidos para a maior parte dos habitantes nativos destas ilhas. Dos vários endemismos que lá se podem encontrar, e que constituem espécies extremamente raras, a Vidália é aquela que considerada a mais bela, não só pela sua morfologia, mas, também, pelas memórias de infância e pelas histórias ligadas ao seu “descobrimento”.
Apesar da beleza única e delicada de suas flores, curiosamente esta planta é raramente cultivada como ornamental. É uma planta que é tolerante à maresia e salinidade, vivendo normalmente em reentrâncias rochosas de falésias costeiras podendo aparecer em telhados de casas em telha. A existência de algumas comunidades de exemplares a altitudes mais elevadas leva a supor uma distribuição mais ampla desta espécie, atualmente ameaçada pelo avanço de flora exótica e pela destruição humana de habitat.
Informações Científicas
A Vidália pertence ao Reino Plantae, Filo Magnoliophyta, da Classe Magnoliopsida, da Ordem das Asterales, da Família da Campanulaceae. Seu Gênero é o Azorina e o nome comum é Vidália, e o nome científico é Azorina Vidalii.
Origem do Nome
A Vidália é a mais conhecida das endêmicas açorianas e deve o seu nome a Alexander Thomas Emeric Vidal (1792 – 1863), que foi oficial da marinha real britânica, notabilizando se pelos seus trabalhos hidrográficos, tendo participado em expedições destinadas a cartografar os Grandes Lagos canadianos (1815), a costa de África (1822 – África do Sul; 1822-1824 – costa oriental até Zanzibar e às Seychelles; 1824 – costa ocidental até à Gâmbia; 1835-1838 – Madeira e costa ocidental de África) e os Açores (1841 e 1845), que, para além do levantamento hidrográfico e de defesa das ilhas, colaborou na realização de alguns estudos de história natural nos Açores (1841 e 1845), com Hewett C. Watson. Esta espécie encontra-se em todas as ilhas do arquipélago, à exceção da Graciosa.
Forma de Cultivo da Vidália
Deve ser cultivada sob sol pleno, em solo drenável, rochoso ou arenoso e enriquecido com matéria orgânica. Cresce mesmo em solo pobres. Multiplica-se por sementes.
Na Quinta do Palheiro Ferreiro, o mais notável jardim da Ilha da Madeira, a Vidália é cultivada há muitos anos. Começa a florir em Julho e a floração estende-se até Setembro. Como podem comprovar pelas fotografias, em anexo, esta nossa amiga açoriana é uma gracinha.
Ameaças e Riscos de Extinção
É uma espécie protegida pela Convenção de Berna e pela Directiva Habitats, devido ao grande risco de extinção. É o único gênero endêmico dos Açores e uma das mais belas espécies das ilhas.
Mas a proliferação de espécies vegetais invasoras, mais do que a utilização dos solos, é “a maior ameaça atual à biodiversidade nos Açores”, no Porto Martins, ilha Terceira, o Secretário Regional do Ambiente e do Mar, que colaborou numa ação de sensibilização para a erradicação do chorão na zona costeira daquela freguesia, integrada no Plano Regional de Erradicação e Controlo de Espécies da Flora Invasoras em Áreas Sensíveis (PRECEFIAS) promovido pelo Governo dos Açores.
O governante, que em conjunto com as autoridades locais e voluntários – entre eles muitas crianças –, colaborou no arranque de chorões, numa considerável área, disse também que “essa é a grande luta que tem que ser travada, no sentido de manter espaço para que as endêmicas possam continuar a existir”. Sobre o trabalho que estava a ser feito naquele local, no Dia Mundial do Ambiente, Álamo Meneses referiu tratar-se de “uma ação sobre um dos habitats mais ameaçados no arquipélago” fortemente invadido por espécies trazidas “de outras zonas do planeta”.
A orla costeira do Porto Martins é um dos principais habitat da Vidália (Azorina Vidalii), que é “o único gênero que é endêmico dos Açores”, sublinhou o governante, acrescentando que, por isso, é um dos principais “símbolos da biodiversidade” no arquipélago “(Fonte: GaCS/FA).
Recuperação dos Açores
A Quercus elogia todos os esforços que estão a ser feitos no sentido de erradicar as espécies invasoras, mas alertamos para o mau planejamento da orla costeira, que resulta numa construção e ocupação que muitas vezes não têm em conta a conservação dos habitats das espécies. Em relação ao Porto Martins, uma das causas que contribuíram para a redução da população de Azorinas foi à construção do calçadão. Esta afirmação é do Professor Eduardo Dias, Diretor do GEVA – Gabinete de Ecologia Vegetal Aplicada do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores), que há muito vem alertando para esta questão.
Na última década, as populações de Azorina vidallii existentes na freguesia do Porto Martins ficaram reduzidas a metade, afirma o investigador, isto porque a construção do parque de estacionamento nas imediações da zona balneária da freguesia e do passeio pedestre entre o mesmo local e o porto de São Fernando aconteceu no local onde existiam as maiores populações desta espécie endêmica rara naquela freguesia. Além disso, segundo Eduardo Dias, também foi construída uma zona de campismo (situada no Pocinho, na saída da freguesia pelo Cabo da Praia) num local onde existem Azorinas. O que é certo é que as obras seguiram e “as colônias que ali existiam acabaram reduzidas”.
A Azorina vidallii é considerada por Eduardo Dias como a “mais endêmica” das plantas encontradas nos Açores e defende que a mesma deveria ser o símbolo da Região.
Por outro lado, um estudo publicado pela Universidade dos Açores comprova que a intervenção humana constitui uma grande ameaça às populações desta espécie. Pela observação dos resultados verifica-se que as principais ameaças são antrópicas, das quais se realça a passagem de pessoas (33%), o depósito de lixos (30%), o avanço de exóticas naturalizadas (21%) e as limpezas camarárias (12%).